terça-feira, 28 de junho de 2016

Careful with that axe, Eugene



O vídeo é sobre essa música, que é do álbum "Ummagumma", o quarto álbum de estúdio do Pink Floyd, lançado em 1969. Veja por que essa música foi tão importante para mim, e conheça um pouco da história desse famoso conjunto e deste álbum.




Cara, valeu por você prestigiar esse blog. Para começar, eu não sou músico nem jornalista, portanto, não me venha “encher o saco”, esperando um texto profissional. Eu vou dar a minha visão, baseada na minha vivência, do que é o Progressivo.

Eu gosto do estilo Progressivo. Gosto muito mesmo. Para mim, é algo pessoal, que faz parte da minha personalidade e define quem eu sou.

Meu envolvimento com o Progressivo começou há muito tempo, quando eu tinha aproximadamente 12 anos, na década de 70. E tudo começou com o álbum “Ummagumma”, do “Pink Floyd”, uma banda inglesa de Música Progressiva, que iniciou a carreira em 1965.




(Copyright © EMI Music Todos os direitos reservados)

E o “Ummagumma” (https://pt.wikipedia.org/wiki/Ummagumma) foi o quarto álbum de estúdio do Pink Floyd, lançado em 1969.

Para mim, “Ummagumma” marcou o início do meu envolvimento com o Progressivo, e a música que mais me marcou, nesse início, foi: “Careful with that Axe, Eugene” (https://youtu.be/tMpGdG27K9o).

A música, realmente, tem quase letra nenhuma. Apenas uma frase (“Careful with that Axe, Eugene”), e um grito de terror pavoroso. Porém, é um belíssimo exemplar do que é o Progressivo. Começa bem devagar, baixinho, e vai evoluindo, ao longo do tempo, até entrar bateria, guitarra etc, mas sem perder a linha melódica e harmônica original, caindo lentamente para um final um pouco menos intenso.

Por que essa música?


Bem, senta ai que tem muita história… Eu comprei esse LP (sim, Long-Play, Vinil etc), se não me engano, em 1972, na loja Sears de Botafogo.

Eu já conhecia o Pink Floyd por causa do “disco da vaca”, ou “Atom Heart Mother”, o quinto álbum da Banda. Eu havia escutado algumas músicas, na casa de um amigo, e, sinceramente, odiei tudo (Cara, eu tinha 12 anos!)

Bem, peguei o LP do “Ummagumma” e fui à cabine de som, para ver se valia a pena. Como os LPs eram frágeis, toda loja musical tinha uns “zés-manés” que tomavam conta das cabines, para evitar que os garotos ficassem um tempão lá dentro, ou que arranhassem os discos, sem comprar nada.

Eu me lembro que, mal entrei na cabine, o “zé-mané” já se aproximou. Então, nervoso, peguei o disco e coloquei no início da primeira música (“Astronomy Domine”) e, mal comecei a ouvir a música (Progressivo demora muito a começar), o “zé-mané” bateu com o dedo na porta da cabine, e apontou o relógio. Então, eu pulei para o meio da segunda música (“Careful with that Axe, Eugene”), e a agulha caiu logo na hora do “grito”! Eu tomei um baixa susto e esbarrei no toca-discos, quase arranhando o LP. O “zé-mané” abriu a porta e disse: “Ô Moleque! Arranhou, vai ter que comprar!”.

Peguei o disco, P da vida, e comprei. Na volta, o meu amigo veio me sacaneando o tempo todo. E eu, muito irado, achando que o disco não valia a pena.

Porém, aquele “grito” ficou na minha cabeça…

Chegamos na casa dele, colocamos o disco para ouvir. Ouvimos “Astronomy Domine”, que era muito boa, e ouvimos a “do grito”. Foi aí que começou uma “dependência química” da música. Eu não sabia dizer se gostava dela ou não. A única coisa que eu queria era ouvir a música, mais de uma vez.

Progressivo é assim mesmo: Raramente você gosta “de cara”. É preciso ouvir uma, duas, três ou mais vezes, até que você sinta a música.

E, com o passar do tempo, as outras músicas do disco também me cativaram, especialmente “Grantchester Meadows”, a segunda música do segundo LP (era um álbum duplo, com 2 LPs). Esta música me ajudou muito a aprender inglês, pois eu queria entender um pouco a letra. Falei com a minha professora de inglês da Escola, e ela me ajudou bastante.

Nesse mesmo álbum, há outra música muito legal, que tinha um belíssimo arranjo de violões: “The Narrow Way”. Essa música já foi tema de vários comerciais, filmes e programas. Se você escutá-la, provavelmente parecerá familiar.

Esse álbum surgiu inicialmente a partir de gravações “ao vivo” de músicas dos outros álbuns. Ele contém: “Astronomy Domine”, do primeiro álbum do grupo: “The Piper at the Gates of Dawn”, e “Set the Controls for the Heart of the Sun” e A Saucerful of Secrets", do segundo álbum: “A Saucerful of Secrets". O álbum de estúdio foi dividido em dois LPs: Um continha as músicas de sucesso deles, e o outro, composições novas e individuais, dos membros da banda (David Gilmour, Richard Wright, Roger Waters e Nick Mason.
 
Uma curiosidade interessante é que alguns membros do Pink Floyd não gostam desse álbum. Talvez, por ser uma tentativa muito grandiosa de se mostrarem como grandes compositores. O grupo estava, na verdade, ainda buscando um rumo, depois da saída do seu mentor e fundador, Syd Barret. Ummagumma foi uma experiência criativa, quebrando barreiras e rompendo paradigmas e, como tal, tem seus prós e contras. Mas você tem que formar sua própria opinião!

Tudo mudou


Para você entender o impacto que esse álbum e essa música tiveram em minha vida, é preciso entender a minha realidade.

Enquanto lá fora um grupo de cabeludos criava um novo estilo de vida e de música, repaginando tudo e quebrando paradigmas, aqui, no Brasil, vivíamos em uma verdadeira estagnação cultural.

É importante entender o contexto que eu vivia. Em 1972, estávamos no auge do Regime Militar, regidos pelo infame AI-5, com muita censura e sem acesso à cultura e informação. Tudo era filtrado. Os programas de TV eram apenas os que os militares aprovavam, e a censura às manifestações artísticas era muito grande.

É claro que eu não sentia nada disso. Um garoto, de 12 anos, sendo que 8 deles vividos sob a Ditadura, nem imaginava que existia algo além da minha realidade imediata.

Na TV e nas rádios, rolavam músicas populares, bem “fraquinhas”, da época. De vez em quando, você podia ouvir algo mais interessante, como Beatles ou Rolling Stones. Havia, é claro, bons conjuntos nacionais, como “Os Mutantes”, que tiveram alguma projeção na mídia controlada da época.

Uma exceção honrosa é o programa do “Big Boy”, na antiga rádio “Mundial” AM, que eu escutava assiduamente.


Mas era muito pouco… Tudo era manipulado para que você fosse “comportado” e “obediente”, no tempo do “Esse é um país que vai pra frente, ho, ho, ho, ho, ho!” (https://youtu.be/MX6zjrCwwac).

Então, talvez você entenda como essa música (“Careful...”) e esse álbum (“Ummagumma”) do Pink Floyd, abriram minha cabeça para outra realidade. Aquela, na qual, nem tudo é certinho, nem tudo se comporta de maneira “adequada”.

Aliás, me lembro que minha madrinha visitou a minha casa, enquanto eu estava ouvindo “Ummagumma”, e falou que aquilo não era música “adequada” a se ouvir. Foi até a “vitrola” e tirou o disco, na mão grande!

Historinhas à parte, o Pink Floyd foi um grande expoente do Progressivo (https://pt.wikipedia.org/wiki/Rock_progressivo), embora houvesse outras bandas interessantes, como: Led Zeppelin, King Crimson, Yes, ELP (“Emerson, Lake & Palmer”) etc. Eu sempre terei um carinho especial pelo Pink Floyd, até porque, pouco tempo depois, estreava na TV Globo o programa “Sábado Som” (https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A1bado_Som), apresentado por Nelson Mota.

Se você quer curtir um bom Progressivo, e conhecer melhor a arte do Pink Floyd, recomendo começar por “Grantchester Meadows” (https://youtu.be/GH0FUJ7PKzM), de Roger Waters, e depois curta “Careful with that Axe, Eugene” (https://youtu.be/tMpGdG27K9o), que é uma composição dos quatro membros da banda na época (David Gilmour, Roger Waters, Richard Wright e Nick Mason). Ah, e não deixe de ouvir “Astronomy Domine” (https://youtu.be/tQhQeDAMU0E?list=PL38591848269AB91B), de Syd Barret e Richard Wright, que é também um ícone progressivo.

Galera, Pink Floyd não é só isso. Tem muito mais, inclusive a música que eu considero a mais bela deles, e que tem um dos mais belos solos de guitarra que já ouvi: “Shine on you crazy diamond” (https://youtu.be/8UXircX3VdM), do álbum homônimo. E tem muito mais coisa, inclusive o popular álbum “The Wall”.

E “Time”?


É, “Time” (https://youtu.be/Z-OytmtYoOI), do álbum “The Dark Side of the Moon”, é muito boa, e marcou muita gente. Mas, na minha vivência, não teve o mesmo impacto que a música título desse artigo.

Pink Floyd e Sábado Som


Esse programa merece um artigo só dele. Mas eu não podia deixar de mencioná-lo aqui, pois foi parte importante do meu processo de “viciação” em Progressivo.

Para começar, a vinheta do Programa era um trecho de “Echoes” (https://youtu.be/Vm0VBWnUhvU), do sexto álbum deles, “Meddle” (o disco com a foto de uma narina).

Um lance muito legal foi eles apresentarem o filme “Pink Floyd – Live at Pompeii” na íntegra. Foi muito legal mesmo. Foi aí que eu me viciei. Naquela época (1974, eu acho), nós não tínhamos computadores, Youtube nem P nenhuma, então, foi uma grande Janela para o que acontecia com a cultura mundial.

Foi nessa época que eu ganhei minha primeira guitarra e… Pera aí! Isso já é outra história!

Té mais!











Nenhum comentário:

Postar um comentário